sexta-feira, 26 de outubro de 2012


OS REIS QUE CONSTITUÍMOS EM NOSSAS VIDAS


Mirelle Ivy Diniz Miotto

Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.” Juízes 21.25

Durante o período dos juízes, Israel viveu muitas dificuldades e muitos aborrecimentos, porque cada um tornou-se sua própria autoridade e agiu de acordo com suas próprias opiniões sobre o certo e o errado. Isto produziu terríveis resultados.

Em nossas vidas acontece a mesma coisa. Nós nos constituímos como as maiores autoridades em nossas vidas sem qualquer referência a Deus. Quando as pessoas satisfazem seus desejos de forma egoísta e a qualquer custo, pagam um preço muito alto. 

Pessoas assim vivem em completa cegueira, pois agem conforme suas próprias opiniões, seus conceitos e não conseguem enxergar a vontade de Deus. Ficam presas em sofismas (engano, ilusão, dar aparência de verdade) achando que é o certo e não aceitam serem confrontadas com a verdade. São pessoas rebeldes, soberbas e insubmissas. Não conseguem abrir mão de seus achismos ... o “eu”, a “carne” é que governam a vida dela.

Quando lemos o livro de Juízes vemos a necessidade de confiar na presença de Deus e nos recursos divinos mais do que em nossas capacidades. Mesmo aqueles talentos e habilidades que temos são corrompidos pelo pecado e devem ser transformados pelo Espírito Santo a fim de produzir fruto para Deus.
Não podemos continuar confiando em nossa sabedoria e habilidade carnais, ao invés disso Deus quer liberar a sabedoria e o poder Dele através de nós.

"Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes (não se apoie) no teu próprio entendimento." Provérbios 3:5

Veremos o que os israelitas fizeram quando não havia rei em Israel:

1 Samuel  8.4-22: “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles. Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao dia de hoje, a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também fazem a ti. Agora, pois, ouve à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles. E falou Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros. E os porá por chefes de mil, e de cinqüenta; e para que lavrem a sua lavoura, e façam a sua sega, e fabriquem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.
E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos. Também os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia. Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu aos ouvidos do SENHOR. Então o SENHOR disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um à sua cidade.” 

Israel queria um rei por vários motivos: 1) os filhos de Samuel não eram adequados para liderar o povo (1 Samuel 8:1-3); 2) as 12 tribos continuamente tiveram problemas juntas, pois cada uma possuía seu próprio líder e território. Era esperado que um rei unisse as tribos em uma única nação e um só exército; 3) o povo queria ser como as nações vizinhas. E era justamente o que Deus não desejava. Ter um rei facilitaria o esquecimento de que o Senhor era seu verdadeiro líder. Não era errado Israel querer um rei. Deus mencionou essa possibilidade em Deuteronômio 17.14-20. Porém, na realidade, o povo rejeitava a Deus como seu verdadeiro líder. Os israelitas queriam leis, um exército e um monarca no lugar do Senhor. Eles desejam governar a nação através da força humana, embora somente a de Deus pudesse fazê-los prosperar na terra hostil de Canaã.

O povo clamou por um rei, porque pensava que um novo sistema de governo provocaria uma mudança na nação. Mas, porque seu problema básico era a desobediência a Deus, as dificuldades continuariam, porém debaixo da nova administração. O que eles precisavam era de uma fé unificada, não de uma regra uniforme.

Caso houvessem se submetido à liderança de Deus, os israelitas teriam prosperado além de suas expectativas (Dt. 28.1). Nossa obediência é falha quando pedimos a Deus que conduza nossa família ou nossa vida pessoal, mas continuamos a viver de acordo com os padrões do mundo, elegendo vários reis em nossas vidas ao invés de nos submetermos ao Senhor.

As promessas de Deus vêm com uma etiqueta de preço: obediência.

Vejamos alguns reis que constituímos em nossas vidas no lugar de Deus:

1) Egocentrismo (Eu; Carne; soberba) 

Paulo, em Gl 5.17, diz que existe uma guerra entre duas forças opostas chamadas de carne e espírito.

Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.”

Esta carne não significa o corpo exterior e sim a alma que é a vontade, os desejos do homem, a sua individualidade, o seu livre arbítrio. 

Aquilo que o homem é depende de sua alma. Se a alma do homem quiser obedecer a Deus, permitirá que o espírito o governe, conforme ordenado por Deus. Se ela preferir, poderá, também, na condição de dominadora do homem, reprimir o espírito e deleitar-se fora do Senhor. A carne, então, é o homem enquanto está separado de Jesus Cristo.

Quando o “eu” domina deixamos de confiar em Deus para confiar em nós mesmos. Isso pode ser considerado, também, como soberba que significa: arrogância, altivez, orgulho ... 

"O SENHOR cortará todos os lábios lisonjeiros e a língua que fala soberbamente."  Salmos 12:3
"O temor do SENHOR é odiar o mal; a soberba e a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu odeio."  Provérbios 8:13
"Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria." Provérbios 13 : 10
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda."  Provérbios 16:18

2) Rebeldia – oposição, teimosia  

Quando alguém vai contra a autoridade de Deus e contra uma autoridade constituída por Deus.

Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.” (Rm 13.1-2)
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria ...” 1 Sm 15.23

Satanás – é descrito na Bíblia como sendo um anjo que se rebelou contra Deus, querendo ser como o próprio Deus e, por isso, foi precipitado do céu, trazendo consigo a terça parte dos anjos. Esta história demonstra que toda pessoa que se rebela sempre faz outras pessoas caírem junto com ela.

Adão e Eva – O primeiro casal criado por Deus para viverem eternamente na presença de Deus, no jardim do Éden. Também foram influenciados pelo espírito de rebeldia existente em Satanás e, num ato de desobediência, acabaram precipitados também da presença de Deus. 

Rebelião de Corá – Corá e seu povo se levantaram contra Moisés e Arão (Nm 16) e, por causa disso, foram engolidos pela terra, sendo lançados para bem longe da congregação de Israel. 

Saul – Foi o primeiro rei de Israel e que também foi lançado para fora do trono, por causa de sua rebeldia e insubmissão à vontade de Deus.
Dentre muitos outros exemplos...

3) Mamom 

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom."  Mateus 6:24

O dinheiro (ou mamom) é um dos principados, em cuja atuação, mais se assemelha a Deus. Pois tenta substituir em nossos corações a paz, a alegria, a segurança, dentre outras coisas, que somente deveríamos ter em Deus. É um rei dos mais insidiosos, pois infiltra-se em todas as áreas da nossa vida. Tem pessoas que somente se sentem realizadas e felizes, quando têm muito dinheiro. Isto não é correto e cria indivíduos que acreditam muito mais em suas riquezas do que em Deus.

4) Prostituição (porneia, fornicação, imoralidade sexual, pensamentos impuros):

No original a palavra usada é porneia que significa um relacionamento em que uma das partes pode ser comprada e descartada como um objeto, e onde não há união de personalidade nem respeito por estas.
O sexo antes (fora) do casamento e o adultério são considerados, também, prostituição. Outro rei que ocupa muito lugar no coração da maioria dos crentes. 

Paulo coloca-se contra essa imoralidade sexual. Espanta-se com o fato de que os Coríntios não ficaram horrorizados diante do caso do homem que está coabitando com a esposa de seu pai (1 Cor 5.1). Deste pecado o homem deve arrepender-se, senão sua chamada vida cristã é uma zombaria (2 Cor 12.21). O cristão deve abster-se totalmente de tal coisa (1 Ts 4.3); deve fugir dela (1 Co 6.18); deve mortificar estas atividades (Cl 3.5). É o único pecado em que o homem peca claramente contra seu próprio corpo (1 Cor 6.18), e o corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, pois é templo do Espírito Santo de Deus.

5) Idolatria (eidololatria; culto aos falsos deuses; adoração de ídolos):

A adoração aos ídolos é a adoração do objeto criado ao invés da adoração do Criador de todas as coisas. Pode-se dizer que o deus (ídolo) da pessoa é, também, aquilo a que ela dedica seu tempo, seus bens e seus talentos; é aquilo a que ela se entrega.

No mundo antigo a idolatria e a imoralidade sexual estavam estreitamente ligadas. A idolatria, assim destruiu a adoração verdadeira e a pureza que é a mais sublime adoração.

"Portanto, meus amados, fugi da idolatria."  I Coríntios 10.14
"Confundidos sejam todos os que servem imagens de escultura, que se gloriam de ídolos.” Salmos 97.7
"Não terás outros deuses diante de mim; não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não te encurvarás a elas, nem as servirás." Deuteronômio 5.7-9

Outros reis: tristeza, amargura (falta de perdão), vícios, homossexualismo, comida (glutonaria) ....

Como o povo de Israel queria um rei para governá-los, sofreram as conseqüências e tiveram que se submeter aos costumes do rei: tomará os vossos filhos, vossas filhas, tomará o melhor das vossas terras; dizimará o vosso rebanho e vós lhes servireis de criados ...

Da mesma forma acontece quando elegemos reis em nossas vidas ao invés de Deus: rumamos para o desastre espiritual, sofrendo conseqüências terríveis.

Um comentário:

  1. Olá. Cheguei a este blog achando que as autoras pertencem a um grupo de irmãos que se reúnem apenas ao nome do Senhor, mas como vi o nome do blog "Geração Ester: curadas para servir ao Rei", logo vi que não podem ser, visto que estes irmão compreendem que o Senhor é apenas Rei para Israel. Portanto, gostaria de saber como as autoras se identificam enquanto cristãs, vocês podem me dizer? Grata. Solange.

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